O CORPO COMO TEMPLO

“… ele falava do templo do seu corpo.” (Jo 2,21)

Pouco falamos sobre o Cristo homem. Sim, o verbo se fez carne e habitou entre nós. E o São João nos fala desse corpo que é um templo.

O templo de Jerusalém era o lugar por excelência da presença de Deus. No livro do Êxodo, na trajetória do povo de Deus no deserto, vemos o protótipo desse templo quando eles separaram uma tenda para colocar a Arca da Aliança, e eles a chamaram de “Tenda do Encontro”. O templo é então o lugar do encontro com Deus. Assim podemos melhor compreender que o corpo de Cristo é esse lugar da presença de Deus, da sua divindade. Ter um ‘encontro pessoal com o Cristo’ é então entrar nesse templo, para mim é entrar no seu Coração Sagrado.

Podemos então perceber a importância do ‘corpo’ na nossa salvação. Foi o corpo de Cristo que foi crucificado, foi o corpo de Cristo que Ressuscitou, é o corpo de Cristo que é presente na Eucaristia, é o corpo de Cristo que subiu aos céus...

A arte é também vivenciada e transbordada a partir do corpo do artista, bem como falamos nas reflexões anteriores. Nesse tempo de incertezas, a arte pode nos elevar e nos levar a encontrar beleza e esperança nos lugares mais obscuros da nossa existência. Mas para que exista arte, precisa de um artista, um artista é alguém. Volto a citar Nietzsche: ‘a arte compreende o corpo...’. O corpo do artista é então templo da beleza, é lugar por excelência do Belo. Afirmamos então que a arte, essa ‘beleza que salvará o mundo', essa beleza que está guardada nesse templo, tem o poder de nos levar ao encontro de Deus.

Assim termino com essa pergunta de São Paulo aos Coríntios 3,16:

“Não sabeis que sois Templo de Deus?...”

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